Local: Auditório 2 (Pavilhão de Aulas Reitor Felipe Serpa, antigo PAF I)
Resumo: Esta mesa reunirá intervenções de docentes da UFBA visando partilhar e por em debate algumas experiências empreendidas na construção de espaços acadêmicos e práticas pedagógicas que viabilizassem a implementação, no âmbito dos cursos oferecidos pelo Instituto de Letras, das políticas afirmativas educacionais instituídas desde 2003 pela lei 10639, e recentemente incorporadas à LDB. Abrangendo pautas e metodologias variadas, ressalta-se como um problema comum a essas iniciativas a renovação de abordagens para as relações entre oralidade e letramento. Merecedor de tradicional relevo no campo disciplinar da linguagem, esse tema sobrecarrega-se de polêmicas e desafios quando consideramos as dimensões que assume na sociedade brasileira, configurando fatores cruciais para a reprodução de graves assimetrias econômicas e de discursos discriminatórios, como se sabe. Por isso mesmo, os paradigmas da oralidade de matriz africana podem ser apropriados como suporte estratégico para o desenvolvimento de repertórios curriculares que, além de expandir recursos para a teorização linguística, sirvam para contestar os preconceitos fundados seja na supervalorização eurocêntrica da escrita enquanto força civilizacional, seja em visões reducionistas ou desqualificadoras acerca de processos significantes e formas de intersubjetividade que especificam as culturas orais. Desenquadrando voz e letra, fala e texto, de correlações antinômicas ou hierarquizadas, julgamos que a incorporação da africanidade como fonte epistêmica e estética para ensino e pesquisa centrados na linguagem abre horizontes dos mais promissores para a criação de projetos pedagógicos voltados para o combate ao racismo e o reconhecimento positivo da diversidade brasileira. Também se destaca, entre as problemáticas a serem discutidas nesta mesa, a necessária ultrapassagem de dicotomias entre saberes universitários e as sabedorias populares ainda marginalizadas, tais como aquelas produzidas nas comunidades de presídio, nos quilombos e aldeias indígenas etc. Interessa-nos evidenciar contiguidades e tensões entre os regimes de verdade cientificamente legitimados e aqueles assentados em mundividências e sensibilidades diferenciais, buscando assim refletir sobre o lugar e as tarefas do intelectual contemporâneo.